quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Não tenho imaginação para mensagem de ano novo... continuo usando sempre a mesma

No ano que passou fizemos o possível,

o que acreditávamos, o que era incrível.

Botes, submarinos, caravelas,

comunas, castelos, favelas.

A novidade é a incapacidade

de destruirmos a guerra.

Não mudou o sonho,

ora naufragou, ora ficou à deriva.

O ano que passou alimentou o poema.

Poetas voltam ao picadeiro da rua

e gritam: a terra está nua, a mentira é uma fera solta.

Mas a poesia faz acrobacia,

vira cambalhota e inventa

o novo estratagema:

continuamos apaixonados pela vida

e faremos, ano que vem,

maior e mais forte investida.

M�rio Pirata

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Na Folha hoje... ditadura do rosa

22/12/2009 - 11h51

Mães combatem "ditadura do rosa" imposta às meninas

da France Presse, em Londres
Duas mães inglesas declararam guerra ao que chamam de "rosificação" --a onipresença da cor rosa no universo das meninas--, um fenômeno relativamente recente que vai além da cor e que, segundo elas, limita as aspirações das pequenas.
Emma e Abi Moore, duas irmãs gêmeas de 38 anos, lançaram a campanha no blog PinkStinks (Rosa é uma droga) em 2008 para desafiar a cultura do rosa baseada na beleza, em detrimento da inteligência, que é imposta às meninas praticamente desde o berço.
"Queremos abrir os olhos das pessoas para o que está se passando no marketing dirigido às crianças", explica Emma Moore, que critica duramente a tendência rósea que vai da moda até os brinquedos. "Queremos que as meninas saibam que podem ser tudo que quiserem ser, independente dos que os fabricantes queiram vender para elas."
As empresas investem 100 bilhões de libras (US$ 160 bilhões) anuais apenas no Reino Unido em publicidade para conquistar o lucrativo mercado das crianças, ávidos consumidores futuros, segundo um estudo governamental publicado na semana passada.
Basta entrar em qualquer loja de brinquedos para perceber a monocromia que reina nas seções para meninas. O rosa não é apenas a cor das bonecas e fantasias de princesa, mas também das bicicletas, telefones e até mesmo brinquedos até então unissex.
"Isso nem sempre foi assim. Nos anos 70, quando crescemos, o Lego era apenas o Lego, com todas as cores", afirma Emma. "Agora o Lego para as meninas é rosa e tudo gira em torno de cavalos alados e fadas. Isso não é natural."
Também existem versões cor de rosa do jogo de palavras Scrabble, com a palavra "fashion" (moda) formada na tampa da caixa, e do Monopoly (Banco Imobiliário), onde as casas e hotéis foram substituídos por lojas e shopping centers.
Segundo as militantes, até pelo menos a Primeira Guerra Mundial o rosa era a tonalidade dos meninos, enquanto o azul claro era considerado mais apropriado para as meninas. Para elas, a "rosificação" extrapola a cor.
Os brinquedos para as meninas reproduzem em sua maioria atividades consideradas femininas, como o cuidado de bebês, a limpeza da casa e cuidados com a beleza, o que incute nelas cada vez mais a atual "obsessão pela imagem".
"Muitos desses produtos parecem bastante inofensivos, mas se somam a essa cultura de celebridade, fama e riqueza, que está danificando as aspirações das meninas sobre o que podem ser", assinala Emma.
A campanha, que conta com milhares de seguidores no Facebook, gerou polêmica no Reino Unido, onde um jornal classificou as irmãs Moore de "feministas severas e sem senso de humor".

Cartas de tarot...

Fiquei do solstício de inverno ao de verão sob o augúrio da carta da Força.
Foi um tempo de se redescobrir, de aprender, de buscar ser mais eu mesma.
Aprendi que minha força não é aquela óbvia. MInha força está, sim, no meu grito e na fúria, mas também está na minha imensa capacidade de sobreviver e meu imenso prazer em cuidar dos outros.

Aprendi, nesses seis meses de força, que minha força bebe na fonte de Afrodite. Que é nesse ser duplamente venusiana que eu me torno mais eu mesma e mais poderosa. Na minha necessidade de beleza no mundo, na minha busca por uma beleza que tenha significado para mim. Nessa entrega toda ao que é belo.

Eu descobri que sou mais forte quanto mais aguda é minha mente e maior a minha entrega - e eu sobrevivo. Com crises de mau humor, com um número a menos na calça, com um monte de cigarros e uma dose maciça de ansiedade. Com esteira e pesinhos morando na varanda junto com a rede e o notebook e a gana de no próximo ano ir muito além.

E agora, do solstício de verão ao solstício de inverno, sigo com outra carta- A Justiça. Para aprender a ter disciplina e fazer as coisas como devem ser - e também para receber o merecido, o que significa que eu sempre tenho que tentar fazer o melhor - ou o merecido pode ser muito mais pancada e muito menos prazer.



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Rainha recomenda...



Há muito tempo atrás em uma ilha do outro lado do oceano, durante a segunda grande guerra, um cara pensou: e se os nazis desembarcarem na Inglaterra? O que podemos fazer para evitar o pânico?
Então ele teve a idéia de um poster bacana que transmitisse segurança para as pessoas. Com uma frase que afastasse o pânico e uma fonte mega bacana (eu sou apaixonada por essas fontes magrinhas e sem serifa) : a coroa ("a rainha garante:" na minha louca tradução imagética) e embaixo Keep calm and carry on (algo como "fique e calmo e siga em frente").
Os nazis nunca atravessaram a mancha, os posteres foram impressos e ficaram guardados, meia dúzia só andou por ai. Foi quando um cara encontrou os posteres em um sebo. E ele virou hype, porque realmente merece. É tudo de bom.
E o melhor - a imagem é domínio público - entre e copie a vontade. Virou tudo, de botton a cadeira de praia. Mas principalmente, é poster curinga na decoração de qualquer lugar.
Como professora, novembro é um terror cotidiano e tudo que posso fazer nesta semana é manter o foco na frase do poster: keep calm and carry on.
Thanks to Miss Larrubia, que sem querer me fez ver este poster logo de manhãzinha. e agora, se minha semana não for mais feliz, ao menos vai ser mais calma para seguir em frente.
[e se alguém quiser me dar de presente, o poster 30X40 sai por 13 réis, e o frete para minha linda morada fica baratinho, Aqui. E se quiser para você, ou para presentear por aí, a versão 20X30 sai por 8,50 réis porque está em promoção - e tbm tem vermelhinho - e é o presente mais bala que se poderia dar no Natal)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A turba da Uniban - Contardo Calligaris

A turba da Uniban

(5/11/2009)

Folha de São Paulo
CONTARDO CALLIGARIS

_____

As turbas têm um ponto em comum: detestam a ideia de que a mulher tenha
desejo próprio

_____

NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso
noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi
para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava
de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se
aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça.
Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma
ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a
multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela
fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e
professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da
escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo
coro dos boçais escandindo: Pu-ta, pu-ta, pu-ta.
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um justo
protesto contra a inadequação da roupa da colega. Difícil levá-los a sério,
visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado
na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de
futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um
jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores)
vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim
como do árbitro, claro, sempre vendido) de duas maneiras fundamentais:
veados e filhos da puta.
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas
as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é
simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia.
Ou seja, veados e filhos da puta são os insultos que todos lançam porque são
os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: veado, nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto
assim que os ditos veados, por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no
sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser usados por
seus ofensores. Veado, nesse insulto, está mais para bichinha, mulherzinha
ou, simplesmente, mulher.
Quanto a filho da puta, é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da
torcida adversa sejam profissionais do sexo. Puta, nesse caso (assim como no
coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!)
gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum:
é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou
seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como
assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de
querer? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um
sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um
prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para
esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo
e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que
incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que
a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus
alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com
isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a
ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus
estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de Zorba, o
Grego, com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no
feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu
ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em
particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos
um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as
mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Senhor piedade, senhor piedade... para essa gente careta e covarde












Eu devia ter uns quinze anos. Não lembro bem. Lembro que estava um calor dos infernos. Sempre fui sensível ao calor. Estava usando um vestido florido. Eu sempre gostei desses vestidinhos floridos. Usava desde criança e não tinha a menor idéia que alguém pudesse me ver sem ser assim - como pouco mais que criança que eu era. Não passava pela minha cabeça que um adulto pudesse ver nos meus seios e na minha bunda algo de mulher adulta. Eu andava com aquele jeito de patinho recém saído do ovo que os adolescentes tem.

Então eu fui fazer alguma coisa, não lembro o que, no centro da cidade. O que significava ficar fora de casa meia hora. Lembro do meu vestido. De alças, no meio das coxas. Ele era castanho claro coberto de florzinhas azuis minúsculas. Para mim, faz pensar em crianças ou em cenas idílicas no Mediterrâneo, um vestidinho assim. Meu cabelo estava solto e pela época em que busco essa memória, eu devia estar usando minha pulseira de oração de Kwan Yin - a primeira delas- como único adorno. 

A lembrança começa a ficar clara com o cara de bicicleta. Eu me assustei porque ele quase me atropelou enquanto gritava alguma coisa que eu não entendi - e que depois caiu a ficha que era um comentário sobre mim. Lembro do rosto dele - ele devia ter quase cinquenta anos.

Poucos minutos depois, foram outros caras. Eles gritavam. Isso me deixou muito assustada. Não só pelo que eles diziam que fariam, mas porque eram duas horas da tarde. E ninguém parecia achar estranho que caras mais velhos que meu pai gritassem barbaridades para uma adolescente.

Lembro de desistir e dar meia volta. Lembro de estar voltando, e logo depois de atravessar a passarela (o que me deixava tecnicamente na rua da minha casa), um bando de gente, algo entre dez e quinze caras, todos bem mais velhos do que eu, começarem a ir atrás de mim.

Eu lembro que eu corri. E lembro que eles correram atrás de mim. E falavam coisas horríveis. E eu experimentei um pânico absoluto enquanto corria tentando chegar dentro da prefeitura. Porque na prefeitura tinha seguranças, mas principalmente, porque na prefeitura tinha meu pai e seus colegas de trabalho, que bateriam em quem tentasse chegar perto.

Pode parecer pouco para quem olha de fora. Mas para mim, aqueles minutos enquanto mais de dez homens adultos iam atrás de mim falando obscenidades, em plena luz do dia, na rua da minha casa, foram uma das experiências aterrorizantes da minha vida.

Lembro que depois de me enfiar pelo setor onde meu velho trabalhava a dentro sem explicações maiores, eu levei quase uma hora para ter coragem de falar sobre o que tinha acontecido. Porque eu senti vergonha. Como se a errada fosse eu.

E mesmo naquela época entendendo que não era assim, essa é a primeira vez na minha vida que coloco em palavras esse fato. Tenho vinte sete hoje e não uso vestido curto na rua desde então. Honrosas excessões quando eu estava indo para a balada, sobretudo fechado até os tornozelos, até chegar na porta, olhando por cima dos ombros, cercada de amigos. Cheguei a ir com uma roupa e trocar dentro da balada porque tinha medo, por estar sozinha.

Não consigo ficar confortável. A sensação é que de algum lugar, vai sair alguém gritando barbaridades para mim. E não importa que não sou mais adolescente, que sou adulta, que já dei bordoada em cara sem noção, que sei gritar por socorro, que sou ativista e que cresci para ser mulher com orgulho e diante de tudo. O medo ainda me impede de sair na rua usando um vestidinho florido, desses que fazem pensar em filmes italianos e crianças.

Por isso eu sei que um crime contra uma mulher é um crime contra todas as mulheres.

Porque a maioria das minhas amigas já teve que fugir de alguém que a perseguia. Ou apanhou de um namorado ou marido. Ou vive uma ditadura de medo e silêncio nas mãos de um padastro. Porque já sofri e já vi sofrerem todo tipo de discriminação por sermos mulheres.

Cansei de ser chamada de puta. Cansei de ver amigas minhas serem chamadas de puta, vagabunda, piranha, porque andamos com amigos homens e porque temos orgulho de sentirmos prazer e de sermos livres. Cansei do olhar de repúdio porque fui criada para me envolver com os homens pelo desejo e não porque dependo deles.

Além de tudo que vi na escola.

Uma aluna minha, na época. Ameaçada porque a mãe decidiu se divorciar e o padrasto queria matar a menina como vingança. Uma professora se mudando para o interior de outro estado e voltando anos depois, fugindo do marido e do cárcere privado. Mulheres que foram agredidas por pais, maridos, padrastos, filhos, vizinhos, porque "não se comportavam como uma mulher de bem". Uma aluna espancada pelo pai porque treinava com skate - queria ser skatista profissional. Uma aluna arremessada escada abaixo pelo padrasto porque mulher não pode levantar a voz para homem (ele havia dado um tapa nela porque ela estava comendo uma maçã, e ela perguntou porque ele fez isso). tudo isso sem esforço de memória - eu poderia escrever por horas.

É isso que eu via na minha mente olhando o vídeo do que fizeram com a moça.

Eu me senti agredida. Ali, não era a Geisy. Era a Sarah. A Cecilia. A Norma. A Luana. A Tathy. A Inês. A Carol. A Cíntia. A Fabiana. A Janis. A Fernanda. A Ísis. A Patrícia. A Iony. A Alex. A Estela. A Mônica. A Ana. A Cássia. A Carla. A Angélica. A Elaine. A Odília. A Joana. A Deise. A Eunice. A Mercedes. A Clarice. A Celina. A Floripes. A Maria. A Bianca. A Júlia.
Era eu.
Era cada uma das mulheres que eu amo.
Era cada uma das mulheres que eu conheço.
Era cada uma das mulheres que eu não conheço.
Era cada mulher do mundo.

Porque não era a moça que estava ali que eles viam. Era uma Mulher. Uma mulher indecorosa. Uma mulher de rosa choque. E por ser mulher é que eles se sentiam superiores, a vontade para impor sua visão de macho. Que aquelas que foram criadas para serem decorosas, pudicas e frígidas, se sentissem incomodadas por alguém que lembrava que elas não precisavam ser decorosas e infelizes.
E pior - que os outros todos achassem que era aquilo mesmo, que não havia o que fazer, e com medo da turba, não impedissem. Porque pior que a ação dos maus é o silêncio dos que acham que podem lavar as mãos.




a foto do vestido vem daqui.

texto da Ana Paula Padrão

Ana Paula Padrão
Acabo de ler, aliviada, a decisão do reitor da Universidade Bandeirante, a Uniban, que revogou comunicado do conselho da própria universidade de expulsão da aluna Geisy Arruda.
Achei que só me restasse esperar, vestida com minha burca, comprada no Afeganistão, a chegada dos Talebans tupiniquins. Ora, se estavam devidamente cacifados por uma instituição de ensino que deveria alimentar e disseminar na sociedade a tolerância, o respeito e outros valores democráticos, os jovens donos da moral certamente invadiriam em seguida o sambódromo para cobrir as Evas e acabar com aquela pouca vergonha.
De qualquer maneira, é preciso pensar sobre o que levou o conselho de uma universidade, que se supõe formado de pessoas esclarecidas e cultas, a acusar a aluna Geisy de ter tido uma “atitude provocativa, que buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar”. Se é assim, pensei comigo ao ler o texto, já em antecipação aos novos tempos: o que seria das praias brasileiras, quando os arautos dos bons costumes se alastrassem, primeiro pelas demais universidades, depois pelos prédios públicos, até chegarem aos locais de aglomeração popular, gritando às mulheres, chicote nas mãos, que se cubram em nome da ética?
Sim, em nome da ética, foi como justificou o conselho da Uniban a atitude de seus alunos, descrita pela nota oficial por eles divulgada, como uma “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.
Um arrepio percorreu minha espinha. Certamente seria eu cosiderada – por eles, os justiceiros da dignidade – inadequada aos padrões desejáveis. Não que eu saia por aí de vestido cor-de-rosa curto – meu implacável senso crítico me diz que já passei da idade. Mas um corpo docente que não admite conviver com uma saia alguns centímetros acima dos joelhos, o que achará então de uma mulher que utiliza seus melhores atributos – a inteligência, a capacidade de articulação, a cultura – para com isso declarar-se independente do julgamento de um homem que diga a ela com que roupa ir aonde quer que seja?
Ler a delirante nota do conselho da Uniban faz meu estômago revirar. A aluna Geisy Arruda, que cumpria com suas obrigações curriculares e pagava suas mensalidades em dia teria sido expulsa “em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos da dignidade acadêmica e à moralidade”. Se é isso que eles escrevem, imagino o que pensam e comentam entre si sobre uma aluna que tem todo o direito de fazer suas próprias escolhas.
Ninguém tem que achá-las bonitas, corretas, louváveis, exemplares. Mas, se já não estamos mais na idade do obscurantismo, nem em Cabul, todos temos sim, que respeitá-las. Se foi esse sentimento que motivou o reitor da Uniban a reavaliar a decisão de seu conselho, loas a ele! Mas que a história toda é assustadora pela quantidade de preconceito envolvida, não há dúvida.

Novos taliBÃS

Novos taliBÃS

Bakunin já dizia que enquanto houvesse um homem escravo, toda a humanidade seria escrava. Essa máxima vale também quanto a violência contra a mulher. Quase todas as pessoas vêem como atrasado e horrendo o comportamento dos talibãs que violentam e agridem as mulheres, escondendo-se atrás de uma moralidade religiosa questionável.
Porém o que me choca é ver a mesma atitude em uma instituição que “se diz” educacional. Ao expulsar a aluna que foi de vestido curto e sofreu um dos atos mais repugnantes de agressão dos últimos anos, alegando que a culpa pela violência foi dela, voltamos aos tempos em que as mulheres eram obrigadas a usar cintos de castidade para não serem violentadas só pelo fato de estarem andando sozinhas.
Fala-se muito em currículo oculto e em sua importância para a manutenção de hábitos e costumes. Quando tomou a atitude de expulsar a aluna, o tal instituto de ensino deixou em seu currículo oculto o ensinamento de que se uma mulher é insinuante ela deve ser agredida sexualmente, em público, como Madalena que seria apedrejada em praça pública se Cristo não tivesse intervido.
A turba de criminosos que só se manifestaram por estarem em grupo, só escancarou o machismo e a atitude covarde de homens que se sentem ameaçados em sua sexualidade, ao verem uma mulher que se destaca, seja na maneira de se vestir ou nas atitudes de vida que se coloca.
Não vou entrar no mérito se o traje era adequado ou não, mas o que importa é que qualquer cidadão brasileiro tem o direito constitucional de andar como quiser, sem ser molestado.
O que se percebe é que ao contrário do que falam por aí, o direito de igualdade entre homens e mulheres ainda está longe de ser atingido. Muitos homens ainda sentem as mulheres como uma ameaça ao seu poderio de macho.
Ainda bem que na Faculdade em que me formei, em seu currículo oculto, sempre estiveram presentes a igualdade e o respeito a diversidade, com certeza nos transformando em seres humanos melhores. O que me preocupa é saber quem serão os seres humanos que sairão formados dessa dita instituição de ensino, com letras minúsculas sim.


Cecília A. B. Camargo
Arte Educadora


(ps-e minha veterana na faculdade)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Vestido Cor de Rosa

Universitários que encurralaram a colega de vestido curto não eram delirantes: eram agressores
domingo, 1 de novembro de 2009, 01:59  - O Estado de São Paulo

O urro ancestral da faculdade injuriada

Universitários que encurralaram a colega de vestido curto não eram delirantes: eram agressores

Debora Diniz* - O Estado de S.Paulo

O caso não caberia nem em um folhetim vulgar, não fosse o YouTube denunciando a verdade. A "puta da faculdade" é uma história bizarra: uma mulher de 20 anos é vítima de humilhações. A razão foi um vestido rosa e curto que a fazia se sentir bonita. Sem ninguém saber muito bem como o delírio coletivo teve início, dezenas de pessoas passaram em coro a gritar "puta" e ameaçá-la de estupro. A saída foi esconder-se em uma sala, sob os urros de uma multidão enfurecida pela falta de decoro do vestido rosa. Além da escolta policial, um jaleco branco a protegeu da fúria agressiva dos colegas que não suportavam vê-la em traje tão provocante.

Colegas de faculdade, professores e policiais foram ouvidos sobre o caso. O fascínio compartilhado era o vestido rosa. Curto, insinuante, transparente foram alguns dos adjetivos utilizados pelos mais novos censores do vestuário da sociedade brasileira. "A roupa não era adequada para um ambiente escolar", foi a principal expressão da indignação moral causada pelo vestido rosa. Rapidamente um código de etiqueta sobre roupas e relações sociais dominou a análise sociológica sobre o incidente. Não se descreveu a histeria como um ato de violência, mas como uma reação causada pela surpresa do vestido naquele ambiente.

O que torna a história única é o absurdo dos fatos. Um vestido rosa curto desencadeia o delírio coletivo. E o delírio ocorreu nada menos do que em uma faculdade, o templo da razão e da sabedoria. Os delirantes não eram loucos internados em um manicômio à espera da medicação ou marujos recém-atracados em um cais após meses em alto-mar. Eram colegas de faculdade inconformados com um corpo insinuante coberto por um vestido rosa. Mas chamá-los de delirantes é encobrir a verdade. Não há loucura nesse caso, mas práticas violentas e intencionais. Esses jovens homens e mulheres são agressores. Eles não agrediram o vestido rosa, mas a mulher que o usava para ir à faculdade.

Não há justificativa moral possível para esse incidente. Ele é um caso claro de violência contra a mulher. Ao contrário do que os censores do vestuário possam alegar, não há nada de errado em usar um vestido rosa curto para ir às aulas de uma faculdade noturna. As mulheres são livres para escolher suas roupas, exibirem sua sensualidade e beleza. A adequação entre roupas e espaços é uma regra subjetiva de julgamento estético que denuncia classes e pertencimentos sociais. Não é um preceito ético sobre comportamentos ou práticas. Mas inverter a lógica da violência é a estratégia mais comum aos enredos da violência de gênero.

A multidão enfurecida não se descreve como algoz. Foi a jovem mulher insinuante quem teria provocado a reação da multidão. Nesse raciocínio enviesado, a multidão teria sido vítima da impertinência do vestido rosa. As imagens são grotescas: de um lado, uma mulher acuada foge da multidão que a persegue, e de outro, do lado de quem filma, dezenas de celulares registram a cena com a excitação de quem assiste a um espetáculo. Ninguém reage ao absurdo da perseguição ao vestido rosa. O fascínio pelo espetáculo aliena a todos que se escondem por trás das câmaras. Quem sabe a lente do celular os fez crer que não eram sujeitos ativos da violência, mas meros espectadores.

Pode causar ainda mais espanto o fato de que a multidão não tinha sexo. Homens e mulheres perseguiam o vestido rosa com fúria semelhante. Há mesmo quem conte que a confusão foi provocada por uma estudante. Mas isso não significa que a violência seja moralmente neutra quanto à desigualdade de gênero. É uma lógica machista a que alimenta sentimentos de indignação e ultraje por um vestido curto em uma mulher. A sociologia do vestuário é um recurso retórico para encobrir a real causa da violência - a opressão do corpo feminino. Não é o vestido rosa que incomoda a multidão, mas o vestido rosa em um corpo de mulher que não se submete ao puritanismo.

Não há nada que justifique o uso da violência para disciplinar as mulheres. Nem mesmo a situação hipotética de uma mulher sem roupas justificaria o caso. Mas parece que uma mulher em um vestido insinuante provoca mais fúria e indignação que a nudez. O vestido rosa seria o sinal da imoralidade feminina, ao passo que a nudez denunciaria a loucura. A verdade é que não há nem imoralidade, nem loucura. Há simplesmente uma sociedade desigual e que acredita disciplinar os corpos femininos pela violência. Nem que seja pela humilhação e pela vergonha de um vestido rosa.

*Antropóloga, professora da UnB e pesquisadora da Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero

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Vestido Cor de Rosa

Esta porra deste blog não foi pensado como um lugar só de ativismo. Mas ativismo não é escolha - é obrigação moral.

O próximos posts vão falar do caso mais visível de violência contra a mulher dos últimos tempos. E já que esta visível, vamos enfiar o dedo na ferida porque eu quero ver sangue escorrer, como escorre o tempo todo sem que ninguém veja.


Eu repito o grito - Todo crime contra a mulher é um crime contra todas as mulheres.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Saias indianas e o sentir-se bem

Eu tenho um sério problema. Algo em mim considera que tudo que diz respeito a aparência deveria ter um carimbo escrito "futilidade" marcado em cima. E acho que ainda não postei muito aqui porque é uma batalha evitar isso. É um pedaço de mim que estou aprendendo, a duras penas, a amarrar, amordaçar e trancar no sotão até que se acalme. 

Resolvi ligar o foda-se e tomar vergonha na cara, by the way.

O fato é que estou usando vestido quase ininterruptamente a duas semanas.

Hoje me vi lavando uma pilha de saias e vestidos indianos (sabendo que a outra metade da pilha me aguarda) e acho um inferno lavar essas roupas pq parece que só de olhar na direção da máquina vai fazer ela rasgarem (sim, eu joguei uma saia indiana no meio de roupas normais em um ciclo completo de lavagem e ganhei uma roupa digna de Mad Max no final do processo), então lavo elas na mão.  E embora elas sejam a coisa mais prática de lavar quando você tem só a pia da pousada como lugar de lavar roupa (sim, eu sou uma pedreira com minhas roupas), encarar aquele tanque ancestral que está na área de serviço e que foi feito para a altura da minha avó (que era ainda mais baixa do que eu) é algo que eu adio infinitamente.

infinitamente = quando o calor chega e eu não tenho outra opção.

Ok. Mentalizei que hoje não precisaria fazer exercício com os pesinhos e foi em frente.

No final, foi divertido. Porque eu fiz o caos com água para todos os lados e estou pensando em tingir papel na próxima vez que for fazer isso.

Mas estou fugindo do assunto.

Como as saias talvez nao estejam secas na hora de trabalhar amanhã, resolvi pedir ajuda ao batman. Batman no caso, significa ir até a casa da minha mãe pedir algo emprestado.

Minha mãe tem as calças indianas mais legais deste lado da galáxia.

O comentário dela foi que me chamou atenção. Ela disse que ama as calças, mas tem um problema em usar elas. As pessoas reparam.

Roupas indianas são chamativas. Fato. Elas são feitas para isso. Tem cores intensas, padronagens marcantes e bordados imensos.

Olhei para minha mãe e respondi a verdade. "As pessoas vão reparar não importa o que a gente use."

Isso eu tenho aprendido nos últimos anos. Se eu estiver com uma bata branca e jeans, as pessoas reparam. Se estiver usando a indefectível & indestrutível camiseta do Wolverine as pessoas reparam. Se estiver usando saião preto e blusinhas discretas, as pessoas reparam.

Lembra do "ligar o foda-se" do começo do post?

É aqui que ele entra. Roupas precisam fazer a gente se sentir bem. Se, como nós, você trabalha com um monte de gente em volta, olhando para você, não importa o que você vista, de algum modo vai chamar atenção. Então, fique confortável, feliz e sinta-se bonita.

Eu me sinto feliz e bonita usando saias indianas. E em roupas cor de vinho. Ou em jeans e camiseta preta. Gosto de tênis all star e coturnos. E meias coloridas, com desenhos infantis ou listras de cores berrantes.

Eu aprendi que a moda raramente faz bem para a minha imagem. Meu corpo não é o corpo que os estilistas pensam quando produzem roupas. Eles pensam em alguém vinte quilos mais magra  e dez centímetros mais alta, que não teve filhos. Ao contrário dessas roupas hindús. Elas caem bem em qualquer corpo. Ou então, eu faço um "garimpo" misturando roupas atuais e uma boa saída aos brechós onde existem roupas que seriam novas se não fossem dos anos 80.

Eu aprendi que ser discreta é um conceito bem variável.

Para mim, o vestido indiano cor de vinho é discreto. E a camiseta do Wolverine. Para outras pessoas, é camisa branca e calça social. E teve época em que isso significava usar coturno, saia xadrez pregueada e blusinhas de bandas punk. E quer saber? Não devo ter vergonha disso. É bom saber que eu mudei, mas é bom saber que eu me vestia como gostava.

Tem sido bom ter coragem de vestir o que sinto vontade. Sem me aprisionar em pensar se as pessoas vão reparar ou não. Porque, na real, não importa. Me sinto bem assim. Me sinto bela. Minha tatuagem fica a mostra. Minhas pernas ficam cobertas (sou encanada com elas, um passo por vez, e essa história conto outro dia aqui). Posso sentar no chão ou em qualquer lugar. Posso trabalhar. Não morro de calor.



Tem sido um aprendizado especial esse. Aprender que posso fazer as coisas, simplesmente porque me fazem bem.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Stronger woman

Jewel - Stronger Woman
Album: Perfectly Clear/2008

Clique para ver o clip (e o clip vale a pena ser visto, viu?)


I guess you could say
I’m one of those girls
That’s always been
With one of those guys
You know the type
Like right now
He sleeps while I write

It’s better than crying
I’m warn out from trying
From loving a man
Who always makes it clear
I’m not welcome here
Just when he’s hungry
Or frisky or needs something clean
You know what I mean
But not tonight
Cause come the morning light

I’m gonna love myself
More than anyone else
Believe in me
Even if someone can’t see
The stronger woman in me

I’m gonna be my own best friend
Stick with me till the end
Won’t lose myself again
Never, no
Cause there’s a stronger woman
A stronger woman in me

The light bulbs buzz I get up
Head to my drawer
Wish there was more
I could say
Another fairy tale fades to grey

I’ve lived on hope
Like a child
Walking that mile
Faking that smile
All the while
Wishing my heart had wings
Well from now on I’m gonna be
The kind of woman I want my daughter to be,
Oooh

I’m gonna love myself
More than anyone else
Believe in me
Even if someone can’t see
A stronger woman in me
I’m gonna be my own best friend,
Stick with me till the end
Won’t lose myself again
Never, no
Cause there’s a stronger woman,
Stronger woman

This is me, packing up my bags
This is me, headed for the door
This is me, the best you ever had

I’m gonna love myself
More than anyone else
Believe in me, even if someone can’t see
The stonger woman in me

I’m gonna be my own best friend
stick with me till the end
Won’t lose myself again
No, nooo

Cause there is a stronger woman,
A stronger woman, that is
A stronger woman,
A stronger woman in me
(Stronger woman in me)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Relatoriando =P

Eu mesma ainda não escrevi como deveria. Principalmente porque passei o dia maravilhada com todos os posts que li. Estou muito, muito feliz com os resultados até agora (ei, todo dia é dia de se amar um pouco mais, então se vc só conseguir postar no dia 22, deixe seu link aqui para todos vermos mesmo assim). Faltam 5 minutos para a meia noite.

O blog já recebeu mais de 700 visitas (eu instalei o contador e coloquei a campanha no ar quase simultaneamente). E são pelo menos 35  36 blogs - além de outros  5 que fizeram posts sobre o Love Your Body Day e que achei casualmente (isso me focando na blogsfera brasileira/lusitana) - pode haver mais gente por ai, se souberem, me avisem. A blogagem coletiva foi citada no blog da redação do Delas.

No twitter, links para matérias de diversos meios falando sobre corpos e beleza reais. Várias micro histórias pessoais, muita gente passando adiante a mensagem, muita beleza do melhor tipo se espalhando por ai.

Eu estou feliz com essa movimentação e espero que não nos encontremos só na 3ª quarta feira de cada mês de outubro (já fiquem previamente convidados a estar blogando novamente sobre o Love Your Body Day em 20 de outubro de 2010). Que hoje seja um dia entre 365 dias pensado em como é importante amar a si mesma, a si mesmo.

Agora, precio ir dormir para encarar os alunos amanhã. Mas já vou separar um tempo para terminar de relatoriar tudo de bom que li hoje, e que merece ser citado.


Parabéns a todos e meu sincero agradecimento, por estarem movimentando o pensamento por aí.

domingo, 18 de outubro de 2009

Blogagem Coletiva - Dia de Amar Seu Corpo

 Blogs participantes...


Dia de Amar Seu Corpo



A primeira contribuição veio do James Mcbryan. Ele não sabe onde vai estar ao certo no dia 21, por isso já colocou seu texto, de grande sensibilidade - Na terra de Liliput ;


E a Alexandra colocou na campanha tanto uma postagem sobre o significado da beleza dentro de um contexto grego no Sofá da Alex, quanto uma deliciosa carta para Virginia Woolf no Destinatário Desconhecido e ainda uma chamada curtinha mas eficiente,rs, no Diário de uma guerreira;

Alma Rubra chamou todo mundo a participar. E no dia 22 conseguiu postar sobre como ela atingiu a beleza que desejava - Meu dia do ame seu corpo;

O And Vésper, estudante de biologia, que está na trupe que organiza o II Encontro de Grupos de Pesquisa da UNESP sobre Estudos da Sexualidade no final deste mês (saiba mais aqui) fez um post falando a respeito da contemporaneidade e a relação com o corpo - acadêmico e acessível- A história do corpo ainda não acabou ;

A Green Womyn fez uma postagem ótima a respeito da pílula e do auto conhecimento em relação ao corpo - já aproveito para deixar aqui um feliz aniversário para ela - A pílula e os ciclos naturais do feminino

Germinando vem com um post falando sobre sua experiência pessoal em amar o próprio corpo - Ame seu corpo ;

Dea Matter também falando da sua experiência, dando voz a um processo muito bonito de olhar para si mesma - Ao Love Your Body Day ;

A Vida sem manual, trouxe para nós hoje o microconto Alienação e uma ótima sugestão para hoje e todos os dias.

Aquela Deborah nos tráz propostas para nos reencontrarmos com nossa beleza e fala um pouco sobre a indústria que é movimentada pelo desespero com a imagem - Ame seu corpo  ;

O Lucas Soares, do Decência vem falar sobre a indústria do consumo e sobre como isso nos afeta quando a mídia deixa de vender produtos e ássa a vender um modo de vida - O mercado do que somos ;

 Cynthia Semíramis nos trouxe um maravilhoso artigo de Gloria Steinen, de 1981, falando da multiplicidade da beleza e da aceitação entre as mulheres, de um modo comovente, além dos links para os artigos da Cynthia, que valem ser lidos com tempo - Dia de amar seu corpo ;


Jandirainbow ficou sabendo pelo abençoado twitter e decidiu participar com uma foto linda -  Dia de amar seu corpo!  ;

A Cláudia do Acordando o Tambor relmbrou um antigo texto sobre nosso mundo íntimo - Nosso corpo...nosso planeta ;

A Marina do Daqui para lá - Ribeirão - Floripa além de fazer um post murro no estômago, que me deixou enlouquecida no sentido de fazer pensar muito, também vai meu agradecimento pela divulgação da blogagem - valeu muito! Love Your Body Day

Zá (ou não) do Sinceramente trouxe leveza e poeticamente falou do corpo e do amor ao corpo - Dia de amar seu corpo ;

O Edson, do Inventário de Naufrágios, depois de ter me acordado de manhã com a notícia da existência do Love Your Body Day e me feito sair da inatividade total para montar esta blogagem coletiva, postou por enquanto a notícia do  IG - Delas que abre este blog, com a promessa de que depois vai voltar e escrever sobre o assunto. Vamos celebrar a beleza do corpo feminino em toda sua variação e diversidade ;e tbm colocou a nossa chamada no Sapateiros de Palavras - espero que os outros sapateiros participem também!

A Juliana do Megacombo fez um post muito fofo sobre o amor que ela sente pelos próprios pés - e ica  uma reflexão sobre cmo o conceito de beleza não precisa ser nada único - Um dia para amar o seu corpo ;

A Alê Lobo do Ecofeminismo e xamanismo fala de arquétipos, idealizações e mutilação do corpo, em Corpos Possíveis ;

A Barbara do Baxt nos relembra que corpos existem para um bocado de coisas além da estética - Pra que serve um corpo? ;

E a Daniela colocou no Escrevivendo uma foto linda dela - I love my body!!!!! ;

E a Tanakhtsenu, no Kemetismo Ortodoxo,  fez um post sobre as representações da mulher na arte do antigo Egito e sobre como estar belo é estar em harmonia - e a helena aqui agradece apaixonada - Ame seu corpo! ;

A Tere do Eu Sou Assim já fez dois posts - Unidas por amor a nossos corpos e Barriga é barriga ; será que vem mais, rs?(e veio - Amor meu corpo amor)

A Princesa do Garrafas ao mar deixou sua contribuição também, falando das mulheres reais e um bom questionamento.

E a Luma Rosa também relembrou o Dia de Amar seu Corpo no blog dela.

A Nana Odara do Lealdade Feminina fez um ótimo post -e com links para outros artigos do blog - Blogagem Coletiva- Be You ;

A Celly do Who the hell is Celly? (amei esse título) fez um post muito, muito ótimo sbre a relação de consumo que nossa sociedade criou com o corpo feminino - porque nossos corpos precisam estar semrpe servindo aos homens? - Love your body day .

A Rosa Leonor, do Mulheres e Deusas, falou das armadilhas em que se pode cair - À minha mãe

Carina no Minha poesia é ação nos relembra da mulher selvagem e de Clarissa Pinkola Estás (não podemos passar sem ela, afinal, ótima lembrança) - Ame o seu corpo!

A linda Andrea postou uma música (com a letra e a tradução) que são perfeitos para hoje - India Arie

A Mamis potou no Fofocas de Marte sua opinião sincera sobre o tema no cotidiano -Dia de amar corpo e alma ;

E o Jorge colocou no Ofício do Ócio os posteres da campanha;  

A Fer no Athena do meu destino colocou um post sobre outros jeito de ver a beleza e a coragem de se expor - Dia de amar o seu corpo ;

E a Aleska postou no eu Diário de bordo um post sobre a experiência de vida dela - O corpo e eu ;

No fim da noite, chegou a Iara no Foi feito pra isso, com sua sensível e delicada contribuição, dando mais um rosto para nosso coletivo - Dia de amar seu corpo. (e indicou o post da Haline, que não está na blogagem, mas cujo post poderia perfeitamente estar -nossos corpos )


Navegando pela "twittosfera" (valeu @souminha por isso!) achei mais blogs falando do Dia de Amar seu corpo! Um pouco mais do movimento:

Chris Frenzel
Samantha Shiraishi 
Comunidade Consciente (post em inglês)
Gisa Macedo

Editado dia 22___________________________________________

Algumas pessoas não conseguiram postar ontem. Mas acho bacana que elas estejam falando do assunto. Acho importante para nos lembrarmos que omais importante é levarmos essa mensagem de amor ao maior número possível de pessoas. Então, ai vai a ressaca do Love Your Body Day, as contribuições do dia seguinte:

A Raquel postou no Maionese um texto que além de ser mega bacana tem umas fotos demais ilustrando o material - ame, simplesmente;

A Lídia postou no Bicha Fêmea falando de equilíbrio e com links para outros posts. Ontem foi dia de beleza real. Ame seu corpo, bonita!

A Miss Larrubia trouxe um vídeo lindo de Tribal Fusion e umas boas palavras para pensarmos - Dia de amar seu corpo - com Mardi Love

Alessandra fez um post de absoluta poesia em uma declaração de amor simples e perfeita - Dia do "Ame seu corpo"

O Beto no Rascunhos de um pagão falou da singularidade da beleza - Apologia do corpo ;

A Lis Flor fez questão de não deixar passar em branco - e ficamos esperando o que ela vai escrever depois - Dia de amar seu corpo ;

E temos no Coisas frágeis  um post pessoal e bem bacana sobre como ela demonstra o amor que sente por seu corpo - Dia de amar seu corpo ;

A Inês no Escrito em ametista, contou sua história e como se recusou a fazer parte do esquema - Historinha pro Love Your Body Day

Um bom poema do Thiago no Natureza Decomposta foi a participação dele - Esse laço entre nós dois

E o Brunno toruxe no Crônicas de Afeto uma reflexão e alguns poemas - Dia de amar seu corpo

_______________________________________________________________fim da edição do dia 22



ps1- Estou muito feliz. São três e meia da tarde e já foram 18 blogs participando, além de eu nem sequer conseguir mais contar quantos tweets.

ps2 - E eu não conhecia a campanha Outubro rosa! Como que eu duplamente venusiana pude não ficar sabendo disso? De todo modo, pessoas, para conhecer essa iniciativa, cliquem aqui.

ps3- já são mais de 500 visitas no blog, e 23 blogs. são 4 e meia da tarde.

E meu agradecimento duplo ao Delas - primeiro por falar do assunto e depois por citar nossa blogagem coletiva. Valeu!


Para ver a proposta da blogagem coletiva - clique aqui.
Para ir para a página do Love Your Body Day  - clique aqui.

Blogagem coletiva - Dia de Amar seu Corpo - Proposta




O Duplamente Venusiana quer que a gente consiga participar, mesmo que assim de sopetão, das atividades do Love Your Body Day - como vimos um pouco aqui. A proposta?
Uma blogagem coletiva sobre a beleza, a beleza de verdade, o amor ao próprio corpo, as distorções midiáticas, ou o que cada uma (ou um) considerarem que é adequado para este dia.

A Campanha da NOW tem como foco dizermos não ao padrão de beleza imposto em anúncios, revistas e TV, pela indústria da moda, cosméticos e produtos para dietas. Dizer não aos anúncios desrespeitosos contra a mulher, e também mostrar, para nós mesmas e para as meninas e jovens com quem convivemos, que elas podem amar seus corpos, e que a beleza é diversa, real, variada, e não produzida em série, manufaturada e alterada pelo photoshop.



Então, eu chamo todas e todos a dar voz para o corpo no dia 21/10 e mostrar ao mundo que podemos, sim, amar nossos corpos e buscar nossa própria beleza ao invés dos padrões auto impostos. 



Eu peço que quem topar coloque os comentários o link para o post, assim eu faço um post bacana com todos os nossos links e textos. E coloquem o selinho da blogagem coletiva - é só copiar o código =)




Dia de Amar Seu Corpo









AH sim, antes que eu me esqueça. A NOW colocou como hashtag pro twitter sobre o Dia de Amar seu Corpo a abreviação #lybd   . Etão quem postar no twitter coisas sobre o dia, use essa tag - vamos colocar isso no trending topics =)

frase bacaninha

Não sou normal. Sou natural. E isso faz toda a diferença. - Edivaldo Pinheiro Negrão.

sábado, 17 de outubro de 2009

A diferença no conceito de beleza através do tempo.


Uma coisa que eu costumo fazer todos os anos na época do Dia da Mulher é mostrar aos alunos diversas imagens representando mulheres na arte atrás da história. Uma dessas imagens é sempre a favorita em chocar.


As três Graças
Peter Paul Rubens
óleo sobre madeira

221 x 181 cm


Como assim, as Três Graças, a formosura em forma de divindades, podem ser asim?

Normalmente, esse é o ponto da aula onde navegamos para uma discussão (que as vezes se extede por dias) sobre o conceito de beleza. Beleza é algo mutável - como a moda. O que é belo em um dia, em outro é visto como feio. Existem muitas coisas que interferem nisso. Não cabe a ninguém julgar o que é bonito ou feio em outra época. Mas é importante, imprescindível, eu diria, perceber que beleza pode ser um conceito bem meno óbvio do que aparenta.

aqui vão algumas imagens de diversas épocas, longe de ter uma linha do tempo, com a mesma temática, As Três Graças. Eu não vou fazer sua lição de casa - observe e tire suas próprias conclusões... afinal, o que é beleza?



 Afresco em Pompéia, 60 AtC
Botticelli , detalhe da Primavera - 1478





Rafael, 1504



Lucas Cranach o Velho - 1535



















Jean-BaptisteRegnault, 1798



Canova, entre 1814 e 1817

Edward Coley Burne-Jones entre 1890 e 1896


Pablo Picasso, 1925


Vale lembrar - Aglaia - "resplandecente" , Euphrosyne "alegria" e Thalia "plenitude" - uma idéia bem interessante de graciosidade...

Whatha fucking porra é este blog?

Estou pensando em começar um blog sobre beleza faz uma cara. Porque entrei numa onda de mudar coisas da minha aparência, porque decidi perder ai um certo número de quilos, porque acho que é meio assustador ver o tipo de blog mais comum que se vê por aí quando o assunto é perda de peso.

Então, eu percebi nessa campanha que está no post que abre o blog, o que eu estava tentando encontrar de rumo para postar no blog.

Eu quero fazer um blog sobre amor próprio.

Eu quero escrever para as pessoas e para mim mesma porque essa minha loucura súbita não tem a ver tanto com estética como com auto aceitação.

Eu quero que as pessoas possam partilhar comigo e que possamos construir conhecimento em prol de uma beleza realista e onde a mulher seja respeitada na sua natureza.

Espero que este blog tenha vida longa e duradoura.
Minha proposta é postar toda sexta feira - dia dedicado a Vênus, e nos dias dedicados a Afrodite dentro do calendário helênico. Assim, este blog se torna não só uma coisa minha, mas um espaço que dedico à Senhora da Beleza. (e isso me torna beeem mais disciplinada, hihihi, porque eu vou escrever não para mim, mas para Ela).

O "duplamente venusiana" do blog é uma identificação minha. Eu sou duplamente venusiana - meu signo solar é Libra e meu ascendente é Touro. Eu vivo em busca de equilíbrio, beleza, e prazer.

QUe este blog sirva para celebrar estas três coisas.

“Love Your Body Day” mobiliza mulheres contra a ditadura da beleza irreal

Em 1998, o peso médio de uma modelo era 23% mais baixo do que o ponteiro da balança marcava, em média, entre as mulheres em geral. Vinte anos antes, essa diferença era de apenas 8%. Alarmadas com este quadro, as mulheres da fundação norte-americana NOW – National Organization for Women (Organização Nacional das Mulheres) decidiram criar um dia especial, para alertar as mulheres sobre a importância de encontrar sua própria beleza, em vez de tentar alcançar os padrões de revistas e passarelas – que, cá entre nós, só existem à base de muito make up e photoshop. Nascia o Love Your Body Day – algo como “Dia de Amar o Seu Corpo”.
Este ano, em sua 12ª edição, o Love Your Body Day será celebrado em 21 de outubro. Popular nos Estados Unidos, ele repercute principalmente entre a comunidade de blogueiras e ativistas pelos direitos da mulher.
O dia é um convite para a reflexão, para toda mulher parar um minuto e prestar atenção em qual beleza ela busca. A beleza impossível das capas de revista ou a beleza verdadeira, de um corpo saudável e uma pele bonita, mas que transpareça os anos vividos?

Além disso, o site da campanha sugere algumas coisinhas práticas para você fazer e curtir sua beleza natural. Por exemplo, comemorar com as amigas, promovendo uma festa sem culpa, onde a lei é usar roupas realmente confortáveis e comer comidinhas engordativas sem pensar nas calorias.
Outra dica é se inteirar de pesquisas e estatísticas que mostram o impacto negativo da propaganda na relação das mulheres com seus corpos. Por exemplo, 10 milhões de mulheres sofrem com anorexia ou bulimia, só nos Estados Unidos. E 81% das meninas de 10 anos – veja bem, 10 anos, quando sua preocupação deve ser com outras coisas – morrem de medo de engordar. O que isso quer dizer?
Eles também têm uma listinha com 10 maneiras de amar seu corpo, recomendando yoga, leitura, sexo seguro e alguma condescendência consigo mesma. Afinal, que mal tem em perder os limites por um pudim ou um pote de sorvete? Leia aqui, em inglês.
Além disso, a fundação também lista tanto as propagandas consideradas ofensivas para a imagem da mulher, quanto as que nos retratam com respeito e positividade.
E então? Vamos celebrar? O que você pensa em fazer no Dia de Amar o Seu Corpo?